Tuesday, January 26, 2016

Bryan Adams 2016-01-26 Blitz, Bryan Adams na MEO Arena: os êxitos, as memórias da infância em Portugal e a menina do top branco

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Bryan Adams na MEO Arena: os êxitos, as memórias da infância em Portugal e a menina do top branco



Jornalista

Fotojornalista

Artista canadiano tocou aquela, aquela… E mais aquela. E renovou os votos de amor eterno com o público português: não saiu um fã desapontado do Parque das Nações

Apresentar um alinhamento de 20 e tal canções e manter o público nas pontas do pés (e no limite dos pulmões) não é para qualquer um. Bryan Adams, claro, não é “qualquer um” para o público português. Num regresso a palcos nacionais cravejado de êxitos, o músico canadiano deu largas à voz rouca que se tornou sua imagem de marca (e que soube manter jovial até hoje) perante uma MEO Arena bastante bem composta, recheada de fãs de hoje e de ontem (casais enamorados, pais com filhos e as eternas apaixonadas) que não hesitaram no momento de responder aos impulsos de dançar, gritar e bater palmas a compasso (e, à boa maneira portuguesa, a descompasso também). Tudo isto em duas horas certinhas e limpinhas, durante as quais o músico conseguiu mostrar canções de Get Up!, o álbum que editou em outubro passado, e não deixar um só êxito por tocar (vá, vá… já ninguém se lembra de “Please Forgive Me”).

Num palco sóbrio, sem grandes artifícios, com um jogo de luzes humilde, Adams abriu a noite com “Do What Ya Gotta Do”, tema novo que passou no teste especialmente porque foi servido naquele momento em que o entusiasmo inicial permite que os artistas saiam incólumes de praticamente tudo. Mesmo sendo um tema desconhecido dos menos atentos, o pavilhão inteiro levantou-se para receber o músico de braços abertos, explodindo pouco depois quando, sabiamente, este lhes atira com a enérgica “Can’t Stop This Thing We Started”. O eco demoníaco que assombra praticamente todos os concertos naquela sala deu, então, um ar de sua graça, mas rapidamente nos abstraímos dele com a histeria provocada por “Run to You”, momentos depois. O sucesso de 1984 mantém-se, na versão de palco, completamente inalterado e o público agradece com ovação gigantesca.

A hora que se seguiu foi um verdadeiro desfile de êxitos: das baladas “Heaven” (é que nem precisou de cantar), “When You’re Gone” (servida a solo, com guitarra acústica) e “(Everything I Do) I Do It for You” (corações a ferver e um ou dois isqueiros acesos para manter a tradição, entre os milhentos flashes de telemóveis) aos mais aguerridos “It’s Only Love”, “Somebody” e, claro, “Summer of ’69” (provavelmente a mais aplaudida da noite), passando até por singles que o tempo foi fazendo esquecer, como “Kids Wanna Rock” ou “Lonely Nights”, que Adams disse ter sido muito pedida nas redes sociais. É um músico generoso, não se fazendo rogado na hora de partilhar o protagonismo com os companheiros de banda - há solo de bateria em “Kids Wanna Rock” e a guitarra rasgada da “arma secreta” Keith Scott em “It’s Only Love”.

“Preciso de uma mulher selvagem que saiba dançar”, diz a dada altura, encetando de seguida uma busca que terminaria num top branco: “fica aí. Podes dançar aí”. E a Joana não se armou em esquisita, dançando com o holofote fixado nela até o sedutor “If Ya Wanna Be Bad Ya Gotta Be Good” terminar. Uma verdadeira serenata para uma mulher de aliança no dedo. “Onde está o teu marido?”, questiona o músico “está a trabalhar? Joga futebol, claro… É português”. O momento de interação segue com mais um disco pedido (“há um cartaz ali e outro ali a pedir esta”) - “Here I Am”, gravado para o filme de animação Spirit (2002). Fazendo jus à fama de romântico incurável, seguiu viagem com “I’ll Always Be Right There” (dueto de guitarra acústica) e depois mais um tema de uma banda sonora (Don Juan) servido com guitarra emprestada por nuestros hermanos: “Have You Ever Really Loved a Woman?” trazia consigo, em 1995, o flamenco de Paco de Lucía.

A caminho do encore, houve ainda tempo para um trio de sucessos separados por mais de uma década: primeiro, voltamos aos 80s com o velhinho (e muito celebrado) “Cuts Like a Knife”, depois corremos para meados dos 90s ao som de “18 Til I Die” (Peter Pan tinha de ter o seu hino) e de “The Only Thing That Looks Good on Me Is You”. Vénia de grupo e os músicos abandonam o palco. O público, obviamente, exige o regresso. E o encore partiu do presente (“Brand New Day” foi o single que antecipou a edição de Get Up!) - e na tela que fundeia o palco, vemos Theo Hutchcraft dos Hurts a enxotar a atriz Helena Bonham Carter (podia ser completamente random, mas é mesmo o teledisco) -, seguindo por uma versão de “C’mon Everybody” de Eddie Cochran para finalmente explodir de emoção quando o músico recorda os anos que passou em Birre “entre Cascais e Sintra” em criança (“foi aqui que comecei a interessar-me por música”, diz, entre elogios ao povo português e ao fado e antes de falar do amigo que lhe mostrou os Beatles). A dupla de canções guardada para o final, já com Adams sozinho em palco, puxou bem ao sentimento: “Straight from the Heart” e “All for Love” foram uma boa despedida de um concerto que serviu para o músico canadiano e os fãs portugueses renovarem os votos de amor eterno.

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