Aqui vai a noticia do concerto do BLITZ. Gostei de ler.
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Lady GaGa no Pavilhão Atlântico
Coqueluche da pop made in USA cilindrou o público lisboeta. Espetáculo de extremos - sem playbacks - marcou a estreia de GaGa frente aos "pequenos monstrinhos" portugueses.
Aprendeu a ver os melhores, colocou mãos à obra e agora é só colher os louros por ser uma menina aplicada. Lady GaGa estreou-se esta noite em solo nacional, perante um Pavilhão Atlântico perto de lotado, e mostrou como se pode ser uma esponja de cultura pop sem se tornar um cliché malcheiroso. Tudo isto sem, como a própria fez questão de frisar, se escudar no playback a que muitas das suas "rivais" da monarquia pop recorrem.
Antes de a cantora norte-americana subir ao palco, os cúmplices habituais, de seu nome Semi Precious Weapon, mostraram glam rock extremado. Quando começávamos a formular a ideia na nossa mente, o vocalista Justin Tranter verbaliza-a na perfeição: "Nós somos os Semi Precious Weapons, de Nova Iorque, e a nossa tarefa é deixar todas as pessoas de Lisboa molhadas e excitadas para receber Lady GaGa". Tendo em conta a voz não particularmente agradável do cantor e uma "atitude" musical demasiado dispersa, continuaram eternamente a ser conhecidos pela banda que faz as primeiras partes de GaGa.
Tudo em GaGa é exagerado e tudo no seu espetáculo megalómano gira em sua volta: das indumentárias que variam entre o brilhante (lantejoulas a rodos) e o chocante (uma freira em vestido transparente com duas cruzes a cobrir os mamilos), aos seus gestos pensados até à exaustão e às suas coreografias que mais tarde ou mais cedo recorrem à tão afamada garra, que se tornou marca distintiva.
Entre o público são muitos os que resolvem imitá-la: desde meninas de tenra idade com cabeleiras louras (ou rosa) a jovens adultas com óculos estranhos ou pinturas faciais. Há bandeiras gay penduradas, uma faixa gigante onde se lê "Eat Me" e muita, muita histeria. Novos, velhos, casais (hetero, gay), crianças com os pais, namorados com ar de seca ao lado de namoradas em pulgas para ver o ídolo... Caracterizar o público de GaGa torna-se difícil e as ideias feitas que tínhamos vão-se desmoronando aos poucos (deixamos de tentar quando vemos um senhor de meia idade, atrás de nós, com a mão esquerda em gancho e sorriso estampado na cara já bem perto do final do concerto).
Com um conceito que não deixa de ser básico mas que consegue levar o público a percorrer uma criteriosa seleção de canções, o espetáculo abre com a daçável "Dance in the Dark", com o vulto de GaGa a vislumbrar-se por trás de uma gigantesca cortina branca, e encerra com aquele que é porventura o seu maior êxito até à data, "Bad Romance", cantado até à exaustão por um público que já suara as estopinhas para a acompanhar.
O "enredo" deste musical pop é simples: a cantora quer ir para o Monster Ball e perde-se pelo caminho, o automóvel avaria, o metro deixa-a ficar mal e leva-a a um local assustador perdido algures no Central Park - com a famosa estátua da Bethesda em chamas lá atrás. Depois de lutar com um monstro, o monstro da fama (algures entre uma piranha e um polvo), GaGa consegue finalmente chegar a bom porto e levar os fãs consigo até ao seu Monster Ball. Até lá, ela mostra as suas criações musicais aos "pequenos monstrinhos" portugueses (ou diria ela pequeños?), incentivando sempre a que mostrem quem são, sem liguarem aos bullys que os perseguem porque Jesus ama todos de igual forma... É repetitivo o discurso, mas até parece sincero.
A inédita "Glitter & Grease" é a segunda canção a fazer-se ouvir, ainda enquanto o Chevrolet verde avariado em palco fumega, e logo de seguida a cantora ataca o sucesso "Just Dance", arrancado do piano instalado no capot do automóvel. O palco enche-se de bailarinos e GaGa percorre a passadeira que a leva bem para o meio do público (onde acabaria por passar grande parte do espetáculo) e é lá que continua a narrativa com "Beautiful, Dirty, Rich".
Envergando uma túnica vermelha diabólica canta "The Fame" antes de a cortina cair para o capítulo do sangue, que se inicia com a dançável "LoveGame" (aqui com percussão estrondosa) e continua com uma "Boys Boys Boys" dedicada "aos meus gays portugueses" (entretanto, faz o favor a um fã e canta-lhe uns parabéns muito especiais). "Money Honey" é servida com fatiota de vinil e sintetizadores a condizer e "Telephone" deixa os ânimos em polvorosa, mesmo sem Beyoncé.
A sequência mais intimista do concerto é depois apresentada ao piano, com GaGa a surgir enrolada na bandeira portuguesa (desta vez, os habituais gritos "Portugal, Portugal" são incentivados e acompanhados pela própria artista). "Speechless" mostra a voz portentosa de GaGa, mas é várias vezes interrompida pela vontade exagerada que a cantora tem de comunicar com o público (é aqui que a nossa atenção começa a dispersar). "You and I", a inédita balada rock que figurará no novo álbum Born This Way irrompe depois para descambar em acrobacias no banco do piano e sobre as teclas do mesmo - chega a conseguir ter uma bota nas teclas e outra a arranhar as cordas da guitarra que o guitarrista empunhava por trás de si.
De volta ao centro da acção, parte para a sequência final do espetáculo: "So Happy I Could Die" soa melhor em palco que em disco; "Monster" deixa a cantora coberta de sangue; "Teeth" é dos temas mais participados, mas "Alejandro", "Poker Face" e "Paparazzi" levam a audiência à loucura. "A minha religião é Portugal", diz às tantas, depois de assegurar também que detesta a verdade quase tanto quanto detesta o dinheiro. Depois de uns momentos com as cortinas fechadas e as luzes e as câmaras apontadas ao público, desponta um "Bad Romance" que colocaria um ponto final em alta no concerto. Hands down , o trabalho está feito, o público conquistado e, após uma vénia de todo o elenco, "Lady GaGa leaves the building". Quer-nos parecer que foi a primeira de muitas visitas a Portugal.
Texto de: Mário Rui Vieira
Notícia escrita por Blitz Sábado 11, às 1:26
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